Sistema Digestório


Você pode acessar o conteúdo completo ou ir direto às fotos das lâminas histológicas.



1. Organização

O sistema digestório é constituído pelo tubo digestório e por glândulas anexas.

Tubo digestório

Apresenta uma extensão de 7 a 10 metros, sendo constituído pela cavidade oral e pelos seguintes órgãos:

  • Cavidade oral.
  • Esôfago.
  • Estômago.
  • Intestino delgado (Duodeno, Jejuno e Íleo).
  • Intestino grosso (Ceco, Apêndice, Colo, Reto e Ânus).

O Tubo Digestório ainda pode ser dividido em:

  • Segmento digestório superior (da boca ao estômago).
  • Segmento digestório inferior (do intestino ao ânus).

Glândulas anexas

São elas:

  • Glândulas Salivares
  • Pâncreas exócrino
  • Fígado
  • Vesícula Biliar

Funções do Sistema Digestório

  • Ingestão
  • Digestão
  • Absorção
  • Excreção

2. Tubo Digestório


ESTRUTURA

De maneira geral, os órgãos que constituem o tubo digestório apresentam quatro (4) camadas teciduais:

  • Mucosa
  • Submucosa
  • Muscular
  • Serosa ou Adventícia
Camada mucosa

Aquela que fica em contato com a luz do tubo e é constituída de três (3) componentes, diferentemente do que ocorre na mucosa de outros sistemas:

  1. Epitélio de Revestimento
  2. Tecido Conjuntivo
  3. Muscular da Mucosa (músculo liso) (EXCLUSIVO DO TUBO DIGESTÓRIO)
Camada submucosa

Constituída por tecido conjuntivo. Essa camada pode ou não conter glândulas, dependendo do órgão.

Camada muscular

Constituída por tecido muscular (liso ou estriado). A musculatura estriada está presente nos locais onde a contração muscular é voluntária. Já a musculatura lisa ocorre onde a contração é involuntária (movimento peristáltico).

Geralmente, o tecido muscular liso está organizado em duas camadas (em relação ao eixo maior do tubo digestório):

  • Circular interna.
  • Longitudinal externa.

O Estômago é o único órgão do Tubo Digestório onde a camada muscular é organizada em três camadas, sendo:

  • Oblíqua interna.
  • Circular intermediária.
  • Longitudinal externa.
Camada serosa ou adventícia (depende da localização
  • Camada serosa: é constituída por um Tecido Conjuntivo + Epitélio Simples Pavimentoso (mesotélio). Essa camada finaliza o órgão e nunca está em contato com o ambiente externo e está voltada para a cavidade do corpo.
  • Camada adventícia: é constituída somente por tecido conjuntivo, que conecta órgãos ou estruturas entre si. Imaginem a seguinte situação: se existe um tubo dentro do nosso corpo, esse tubo tem que estar preso na porção inicial e também preso na porção final, a fim de manter a estrutura. Pois é isso que ocorre: a camada adventícia está presente na porção inicial e final do tubo digestório.

3. Segmento Digestório Superior


3.1. Boca ou cavidade oral

Funções: ingestão, digestão parcial, lubrificação da cavidade e umidificação do alimento.

A boca inclui as seguintes estruturas:

  • Lábios
    • Possuem áreas com epitélio estratificado pavimentoso queratinizado
    • A região do lábio voltada para cavidade oral tem a mucosa contínua com a mucosa das bochechas e da gengiva
  • Gengiva
    • Na sua borda livre, o epitélio é estratificado pavimentoso e queratinizado
    • A lâmina própria da gengiva se une intimamente ao periósteo
    • NÃO POSSUI SUBMUCOSA
  • Palato Duro
    • Epitélio estratificado pavimentoso queratinizado
    • SUBMUCOSA presente na linha média e ausente na área adjacente à gengiva
  • Palato Mole
    • Epitélio estratificado pavimentoso
    • Presença de SUBMUCOSA
    • Presença de fibras musculares estriadas esqueléticas (MEE)

Língua

É uma massa muscular (MEE) revestida por mucosa (TER + Tecido Conjuntivo). A membrana mucosa está fortemente aderida ao MEE através porque do tecido conjuntivo da mucosa adere-se ao tecido conjuntivo que reveste os feixes musculares.

A região ventral da língua é lisa e a região dorsal (voltada para o palato) é irregular, contendo muitas projeções da mucosa denominadas de PAPILAS LINGUAIS (Figs. 3 e 4).

Figura 3 - Corte histológico da língua, vista da face dorsal onde são observadas as papilas linguais. Na imagem é evidenciada a mucosa do órgão (Tecido epitelial estratificado pavimentoso + tecido conjuntivo) que reveste o tecido muscular estriado.

Figura 4 - Corte histológico da língua, vista da face ventral evidenciando a superfície lisa, sem a presença de papilas linguais. Na imagem é evidenciada a mucosa do órgão (Tecido epitelial estratificado pavimentoso + tecido conjuntivo) que reveste o tecido muscular estriado.

Uma região em forma de V separa os dois terços anteriores (porção oral) do terço posterior da língua (porção faríngea). Posteriormente ao terço posterior encontram-se agregados de nódulos linfáticos e as tonsilas linguais.

Papilas Linguais

São projeções da mucosa lingual. Cada papila lingual é formada por um centro de tecido conjuntivo revestido pelo epitélio oral (TER Estratificado Pavimentoso). Existem quatro (4) tipos de papilas linguais:

  • Papilas filiformes: apresentam forma cônica e alongada. São muito abundantes. Estão localizadas sobre toda superfície dorsal. Ausência de botões gustativos (Figs. 5, 6 e 7).
  • Papilas fungiformes: apresentam forma de cogumelo, e estão distribuídas de maneira irregular entre as papilas filiformes. Possuem poucos botões gustativos (Figs. 8, 9, 10 e 11).

Figura 8 - Corte histológico da face dorsal da língua. Na imagem são evidenciadas as papilas filiformes (setas amarelas) e fungiforme (envolta pela linha tracejada vermelha).

Figura 9 - Corte histológico da face dorsal da língua. Na imagem é evidenciada a papila fungiforme com botão gustativo (envolto pela linha tracejada branca).

Figura 10 - Corte histológico da face dorsal da língua. Na imagem são evidenciadas as papilas filiforme (seta amarela) e fungiforme (seta vermelha). Na papila fungiforme são evidenciados o botão gustativo (linha tracejada vermelha) e o tecido conjuntivo (estrela amarela) que é revestido pelo epitélio de revestimento.

Figura 11 - Corte histológico da face dorsal da língua. Na imagem é evidenciada a papila fungiforme, sendo possível observar o botão gustativo (linha tracejada vermelha) e o tecido conjuntivo (estrela amarela) que é revestido pelo epitélio de revestimento.

  • Papilas circunvaladas: localizadas na parte posterior da língua, em frente ao V lingual. Essa papila ocupa uma reentrância da mucosa e, por isso, ela é circundada por um sulco ou vala circular, onde se abrem os ductos de glândulas serosas (glândulas de von Ebner). Há botões gustativos localizados na superfície lateral dessas papilas. As Glândulas serosas (ou glândulas de von Ebner) lançam a secreção no epitélio promovendo um fluxo de líquido importante na remoção de partículas de alimentos que podem se acumular na região dos botões gustativos. Ainda, essas glândulas secretam a lipase lingual que é ativa no estômago e digere 30% dos triglicerídeos ingeridos.

Figura 12 - Corte histológico da face dorsal da língua. Na imagem é evidenciada a papila circunvalada (delimitada pela indicação de cor azul) a qual se localiza no interior de uma vala (invaginação do epitélio de revestimento indicado pelas setas vermelhas). Nas valas se abrem os ductos das Glândulas serosas de von Ebner (estrela amarela).

Figura 13 - Corte histológico da face dorsal da língua. Na imagem é evidenciada a papila circunvalada (delimitada pela indicação de cor azul) a qual se localiza no interior de uma vala (invaginação do epitélio de revestimento indicado pelas setas vermelhas). Os botões gustativos estão indicados pelas setas pretas.


Figura 14 - Corte histológico da face dorsal da língua. Na imagem é evidenciada a papila circunvalada (delimitada pela indicação de cor azul) a qual se localiza no interior de uma vala (invaginação do epitélio de revestimento indicado pelas setas vermelhas). Os botões gustativos estão indicados pelas setas pretas. Glândulas serosas de von Ebner (estrela amarela) e seu respectivo ducto (linha tracejada azul).

Figura 15 - Corte histológico da face dorsal da língua. Na imagem é evidenciada a papila circunvalada (delimitada pela indicação de cor azul) a qual se localiza no interior de uma vala (invaginação do epitélio de revestimento indicado pelas setas vermelhas). Os botões gustativos estão indicados pelas setas pretas. Glândulas serosas de von Ebner (estrela amarela) e seu respectivo ducto (linha tracejada azul). Nesta imagem dá a impressão de que a papila encontra-se solta, pois a conexão com o tecido conjuntivo da mucosa do órgão não está evidenciada. Essa situação ocorre por causa da incidência do corte durante o preparo da lâmina histológica.

  • Papilas foliadas (foliáceas): são rudimentares e em pouquíssima quantidade em humanos, localizadas na região dorsolateral da língua. Apresentam muitos botões gustativos.
Botões gustativos (ou Corpúsculos Gustativos)

São encontrados em todas as papilas linguais, exceto nas papilas filiformes. Os Botões Gustativos apresentam-se como estruturas epiteliais em forma de barril e são constituídos por três (3) componentes:

  • Células receptoras gustativas (em contato com as terminações dos nervos gustativos)
  • Células de sustentação (ou de suporte)
  • Células precursoras (ou basais)

As sensações clássicas de gosto são: DOCE, SALGADO, AZEDO e AMARGO. Foi descrito um 5º gosto, o UMAMI (palavra japonesa que significa “com um bom gosto de carne”) e se aplica à detecção de glutamatos (aminoácido não essencial) que são encontrados, sobretudo, em carnes, queijos e outros alimentos com muitas proteínas. As regiões para determinação dos diferentes tipos de gosto (figura abaixo) não tem relação para os humanos.


O nervo facial transmite as cinco sensações de gosto. O nervo glossofaríngeo transmite as sensações de doce e amargo.

Glândulas Salivares (exócrinas)

As glândulas salivares são classificadas em salivares maiores e menores. As glândulas salivares menores estão dispersas na cavidade oral. Já as glândulas salivares maiores apresentam localização definida, sendo estas representadas por: 1 par de parótida; 1 par de submandibular e 1 par de sublingual.

Função: produção de saliva.

Saliva

Constituintes:

  • Água
  • Carboidratos (muco)
  • Proteínas

Funções:

  • Lubrificar a cavidade bucal
  • Hidratar o alimento
  • Iniciar a digestão de açúcares
  • Defesa (IgA, lactoferrina e lisozima)

Características das glândulas salivares maiores
  • São glândulas exócrinas: apresentam porção secretora e ductos excretores
  • São revestidas por cápsula de conjuntivo de onde partem os septos dividindo as glândulas em lóbulos

Ductos excretores

Apresentam a mesma estrutura para todas as glândulas e são divididos em três (3) porções distintas:

  • Ductos intercalares: estão mais próximos à porção secretora (são ductos intralobulares);
  • Ductos estriados: localizados em região intermediária, conectando o ducto intercalar ao excretor (são ductos intralobulares);
  • Ductos excretores: estão mais próximos ao epitélio de revestimento da cavidade bucal (são ductos interlobulares).

OBS: os ductos estriados são constituídos por células que realizam transporte ativo de íons. Essa região dos ductos tem a função de alterar a concentração da saliva para torná-la ativa na cavidade bucal.

Porção secretora

É nesta porção que se encontram as diferenças entre as glândulas Parótida, Submandibular e Sublingual.

  • Parótida: porção secretora constituída somente por células serosas (síntese proteica) (Figs. 17, 18 e 19);
  • Submandibular: porção secretora constituída por células serosas e mucosas, mas com predomínio de células serosas (Fig. 20);
  • Sublingual: porção secretora constituída por células serosas e mucosas, com predomínio de células mucosas (Figs. 21, 22 e 23);

Figura 17 - Corte histológico da glândula Parótida.

Figura 18 - Corte histológico da glândula Parótida. Ductos estriados indicados pelas setas amarelas.

Figura 19 - Corte histológico da glândula Parótida.

Figura 20 - Corte histológico da glândula Submandibular. Células mucosas indicadas pelas setas amarelas e Ductos estriados indicados pelas setas azuis.

Figura 21 - Corte histológico da glândula Sublingual.

Figura 22 - Corte histológico da glândula Sublingual. Ductos estriados indicados pelas setas amarelas e ducto intercalar indicado pela seta vermelha.

Figura 23 - Corte histológico da glândula Sublingual. Ductos estriados indicados pelas setas azuis e ductos intercalares indicados pelas setas vermelhas.


Esôfago


O Esôfago é um órgão tubular cuja parede é constituída pelas quatro (4) camadas (mucosa, submucosa, muscular e adventícia ou serosa) que constituem o tubo digestório (Figs. 24, 25, 26 e 27).

Função: transporta o alimento da boca ao estômago.

  • Camada mucosa: o revestimento epitelial é constituído por TER Estratificado Pavimentoso, o qual mantém contato com o tecido conjuntivo. Ainda fazendo parte da mucosa, há a muscular da mucosa (músculo liso);
  • Camada submucosa: constituída por tecido conjuntivo, encontram-se as glândulas esofágicas (mucosas), que se abrem no epitélio de revestimento.
  • Camada muscular
  • Primeiro terço (porção mais próxima da cavidade oral): Músculo Estriado (ME),
  • Terço médio: Músculo Estriado (ME) e Músculo Liso (ML),
  • Terço posterior (porção mais próxima ao estômago): Músculo Liso (ML).

No esôfago, predomina-se a ADVENTÍCIA, tendo SEROSA somente na região do esôfago que se encontra na cavidade peritoneal.

  • Primeiro terço (porção mais próxima da cavidade oral): Adventícia
  • Terço médio: Adventícia
  • Terço posterior (porção mais próxima ao estômago): Serosa

Figura 24 - Corte histológico de Esôfago. Presença de glândulas mucosas na camada submucosa. Seta vermelha = Tecido Epitelial de Revestimento Estratificado Pavimentoso, Estrela amarela = muscular da mucosa.

Figura 25 - Corte histológico de Esôfago. Presença de glândulas mucosas na camada submucosa. Seta vermelha = Tecido Epitelial de Revestimento Estratificado Pavimentoso, Estrela amarela = muscular da mucosa.

Figura 26 - Corte histológico de Esôfago. Presença de glândulas mucosas na camada submucosa. Seta vermelha = Tecido Epitelial de Revestimento Estratificado Pavimentoso, Estrela amarela = muscular da mucosa, Estrela verde = ducto excretor das glândulas mucosas (localizadas na camada submucosa).

Figura 27 - Corte histológico de Esôfago demonstrando o Tecido Epitelial de Revestimento Estratificado Pavimentoso. Seta vermelha = papilas (estruturas comuns em órgãos que apresentam Epitélio de revestimento estratificado, permitindo maior adesão entre os tecidos epitelial e conjuntivo).


Estômago


O estômago, nos humanos, é a parte do tubo digestivo em forma de bolsa, situado entre o esôfago e o duodeno (primeira porção do Intestino Delgado). Situa-se abaixo do diafragma, no lado esquerdo do abdômen.

O estômago é dividido anatomicamente em quatro (4) regiões: cárdia, fundo, corpo e piloro. Porém, histologicamente, reconhecemos três (3) regiões distintas: cárdia, corpo/fundo e piloro.

A cárdia corresponde à região mais próxima ao esôfago. O fundo é a porção que está em contato com o diafragma. O corpo corresponde à porção mais central e larga, sendo o piloro a porção terminal (mais próxima ao Intestino Delgado). Assim, o estômago apresenta duas comunicações: uma superior (chamada cárdia, que faz a comunicação com o esôfago) e outra inferior, chamada piloro, que comunica o estômago ao intestino delgado.

A maior região do estômago é o corpo, que define a grande e a pequena curvatura. A classificação cirúrgica subdivide o estômago em: cárdia, fundo, corpo, antro, piloro, curvatura menor, curvatura maior, face anterior e face posterior.

Funções: é no interior do estômago que se encontram as glândulas gástricas produtoras de suco gástrico. Através dos movimentos peristálticos, realizados pela camada muscular, o suco gástrico atua sobre os alimentos para que ocorra a digestão, quando o bolo alimentar é transformado em quimo.

A digestão de proteínas é iniciada através das enzimas presentes no suco gástrico - dentre elas, a pepsina é a principal responsável.

Estrutura

O estômago tem a mesma constituição dos outros órgãos do tubo digestório, ou seja, sua parede é formada pelas mesmas quatro (4) camadas: mucosa, submucosa, muscular e serosa, cuja constituição é descrita abaixo.

Camada Mucosa

  • O epitélio de revestimento é simples cilíndrico em toda a extensão do estômago;
  • Tecido conjuntivo frouxo, contendo as glândulas cárdicas, fúndicas ou pilóricas, de acordo com a região histológica considerada;
  • Muscular da mucosa com fibras musculares lisas.

Camada Submucosa

  • Tecido conjuntivo frouxo com vasos e nervos

Camada Muscular

  • Apresenta três (3) camadas de músculo liso:
    • Fibras oblíquas internas
    • Fibras circulares médias
    • Fibras longitudinais externas

Camada Serosa

  • Tecido Conjuntivo associado com o Epitélio de Revestimento Simples Pavimentoso (Mesotélio).

Regiões do estômago

A diferenciação histológica das regiões cárdica, corpo/fundo e pilórica é realizada através das características microscópicas de suas mucosas, pois as demais túnicas apresentam idêntica constituição.

Para fazer essa diferenciação, deve-se analisar a profundidade das depressões (fovéolas ou fossetas gástricas), formadas por invaginações do epitélio de revestimento do estômago para dentro da lâmina própria e, o aspecto e os tipos celulares das glândulas encontradas na lâmina própria das três (3) regiões.

  • Região cárdica: fosseta e glândula apresentam, aproximadamente, a mesma proporção;
  • Região gástrica: fosseta curta e glândula longa;
  • Região pilórica: fosseta longa e glândula curta.

Região cárdica

  • As glândulas cárdicas são encontradas ao redor da abertura do esôfago no estômago (Figs. 30 e 31);
  • Secretam muco e lisozima (e pouca quantidade de H+ e de Cl-, que formarão HCl na luz do órgão).

Figura 30 - Corte histológico da transição (seta amarela) do Esôfago (Epitélio estratificado) para a primeira porção do estômago (Epitélio simples). Estrela amarela = muscular da mucosa. Presença de glândulas mucosas na camada submucosa do esôfago.

Figura 31 - Corte histológico da camada mucosa porção cárdica do estômago (Epitélio de revestimento simples Cilíndrico). Setas vermelhas = glândulas cárdicas (localizadas no tecido conjuntivo da mucosa, secretam lisozima e muco).

Região do corpo e fundo (Figs. 32, 33 e 34)

  • Em cada fosseta gástrica desembocam três a sete glândulas.
  • Há cinco (5) tipos de células nas glândulas:
  1. Células mucosas do colo - produzem muco
  2. Células principais ou zimogênicas – produzem pepsinogênio, que no ambiente ácido do estômago se converte em pepsina (digestão da maioria das proteínas)
  3. Células parietais ou oxínticas – produzem ácido hidroclorídrico e fator intrínseco (glicoproteína que auxilia a absorção da Vit B12 no intestino).
  4. Células enteroendócrinas (Células G) - produzem gastrina. A gastrina estimula a secreção e o aumento do número das células parietais. As células enteroendócrinas não são exclusivas do estômago, sendo encontradas até no cólon (Intestino Grosso).
  5. Células fonte – podem repor qualquer célula do Epitélio Glandular ou de revestimento
  • As glândulas possuem três (3) regiões:
  1. Fovéolas, fossetas ou istmo: células mucosas superficiais
  2. Colo: células mucosas do colo, células fonte e células parietais.
  3. Base ou Corpo: porção superior (grande quantidade de células parietais) e porção inferior (principais e enteroendócrinas).
  • Essas glândulas secretam ácido hidroclorídrico, pepsinogênio, fator intrínseco e muco.

Região pilórica

As glândulas pilóricas (Figs. 35, 36 e 37) são muito ramificadas e possuem luz maior, comparada a outras glândulas, além de apresentarem fossetas gástricas profundas.

Tipos celulares:

  • Células secretoras de muco (em maior quantidade)
  • Células serosas que secretam lisozima
  • Células produtoras de gastrina ou células “G” (abundantes na região do antro pilórico).
  • Células parietais podem ser encontradas, em quantidade reduzida.
  • Essas glândulas secretam ácido hidroclorídrico, pepsinogênio, fator intrínseco e muco.

OBS: nódulos linfáticos podem ser observados na lâmina própria.



4. Segmento Digestório Inferior


Intestino Delgado

O intestino delgado inicia após a última região do estômago, o piloro. É constituído pelas mesmas quatro (4) camadas que compõem os demais órgãos do tubo digestório: mucosa, submucosa, muscular e serosa. Além disso, é dividido em três (3) regiões: Duodeno, Jejuno e Íleo, que se diferenciam pelas características observadas na mucosa e submucosa.

Tem como característica exclusiva (considerando somente os órgãos do sistema digestório) a presença de VILOSIDADES (projeções da mucosa para a luz do órgão), as quais aumentam a superfície de contato do alimento parcialmente digerido com a parede do órgão. Além disso, as células caliciformes (ausentes nos segmentos do sistema digestório superior) estão presentes tanto no Intestino Delgado como no Grosso.

O TER é simples cilíndrico com microvilosidades e células caliciformes (em todas as regiões).

Entre as células epiteliais, se localizam células enteroendócrinas, responsáveis pela secreção de colecistoquinina (atua na camada muscular da vesícula biliar estimulando a secreção da bile) e secretina (estimula a secreção do pâncreas exócrino).

O tecido conjuntivo da mucosa sustenta as glândulas intestinais em todas as regiões do intestino delgado.

Funções:

  • Término da digestão
  • Absorção de nutrientes

REGIÕES DO INTESTINO DELGADO

Duodeno

É a região mais próxima do estômago, recebendo o quimo parcialmente digerido e ácido. Tem como função finalizar a digestão, atuando em carboidratos, proteínas e lipídeos. É no duodeno que são lançadas as secreções da Vesícula Biliar (Bile) e do Pâncreas exócrino (Suco Pancreático), que atuarão no processo de digestão.

Posteriormente, inicia a absorção dos nutrientes através dos enterócitos - células cilíndricas do Epitélio de Revestimento dotadas de microvilosidades.

  • Para diferenciar o Duodeno das outras regiões do Intestino Delgado observe:
    • Vilosidades curtas e largas (em forma de folhas),
    • Presença de glândulas produtoras de muco (Glândulas de Brunner) na camada submucosa (Característica EXCLUSIVA do Duodeno) (Figs. 38, 39, 40, 41 e 42).

Outra região do tubo digestório que apresenta glândulas na submucosa é o esôfago. Para não confundir:

  • Esôfago apresenta Epitélio Estratificado.
  • Duodeno apresenta Epitélio Simples.
  • No tubo digestório: Células Caliciformes presentes apenas no Intestino.

Figura 38 - Corte histológico da região do Duodeno do Intestino Delgado. As setas vermelhas indicam as vilosidades e as estrelas amarelas indicam a muscular da mucosa. É possível observar as glândulas de Brunner (glândulas mucosas) na camada submucosa.

Figura 39 - Corte histológico da região do Duodeno do Intestino Delgado. Nesta imagem é possível observar parte profunda da camada mucosa evidenciando as glândulas intestinais da mucosa, a muscular da mucosa (estrelas amarelas) e as fossetas e as glândulas de Brunner (glândulas mucosas) na camada submucosa.

Figura 40 - Corte histológico da região do Duodeno do Intestino Delgado. É possível observar a região mais superficial da camada mucosa (mais próxima a luz do órgão) evidenciando as vilosidade (Setas vermelhas).

Figura 41 - Corte histológico da região do Duodeno do Intestino Delgado. É possível observar a região mais superficial da camada mucosa (mais próxima a luz do órgão) evidenciando as vilosidades. O revestimento do intestino delgado é feito por um Tecido Epitelial de Revestimento Simples Cilíndrico com Células Caliciformes. As células caliciformes estão indicadas pelas setas vermelhas.

Figura 42 - Corte histológico da região do Duodeno do Intestino Delgado. O revestimento do intestino delgado é feito por um Tecido Epitelial de Revestimento Simples Cilíndrico com Células Caliciformes. As mesmas células que constitui o Epitélio de Revestimento também constituem o epitélio glandular. Células caliciformes estão indicadas pelas setas vermelhas.

Jejuno (Figs. 43, 44, 45, 46 e 47)

É a região intermediária do Intestino Delgado

  • Para diferenciar:
    • Vilosidades longas e finas (digitiformes);
    • Apresenta na base de suas glândulas as células de Paneth - função de defesa imunológica inata.
      • Não apresenta glândulas na camada submucosa

Figura 43 - Corte histológico da região do Jejuno do Intestino Delgado. É possível observar a camada mucosa (mais próxima à luz do órgão) e a submucosa, localizada abaixo da muscular da mucosa. A muscular da mucosa está evidenciada pela estrela amarela, a estrela azul indica as glândulas intestinais (no conjuntivo profundo da camada mucosa), as setas pretas indicam as vilosidades.

Figura 44 - Corte histológico da região do Jejuno do Intestino Delgado. Nesta imagem é possível observar parte profunda da camada mucosa evidenciando as glândulas intestinais da mucosa (estrela azul) e a muscular da mucosa (estrela amarela). Abaixo da muscular da mucosa está localizada a camada submucosa (ausência de glândulas na submucosa na região do jejuno).

Figura 45 - Corte histológico da região do Jejuno do Intestino Delgado. É possível observar a camada mucosa (vilosidades digitiformes = setas pretas e glândulas intestinais = setas vermelhas), muscular da mucosa indicada pelas estrelas amarelas e abaixo dessa a camada submucosa, e as camadas muscular e serosa.

Figura 46 - Corte histológico da região do Jejuno do Intestino Delgado. É possível observar nessa imagem o Epitélio de Revestimento Simples Cilíndrico com Células Caliciformes. As setas vermelhas indicam os enterócitos (células cilíndricas do epitélio responsáveis pela absorção de nutrientes) e as setas pretas indicam as células caliciformes. A estrela amarela indica a luz de um vaso no tecido conjuntivo da vilosidade.

Figura 47 - Corte histológico da região do Jejuno do Intestino Delgado. É possível observar nessa imagem a parte profunda da camada mucosa, evidenciando as glândulas intestinais que tem a mesma constituição celular do epitélio de revestimento (setas pretas = células caliciformes). Ainda é possível observar a muscular da mucosa (estrelas amarelas), a camada submucosa, camada muscular (circular e longitudinal) e a camada serosa.

Íleo

Corresponde à porção final do Intestino Delgado

  • Para diferenciar:
    • Vilosidades são menores que as do Jejuno;
    • Presença de Placas de Peyer - conjunto de nódulos linfáticos permanentes nas camadas mucosa e submucosa (Característica EXCLUSIVA do Íleo) (Figs. 48, 49, 50 e 51).

Figura 48 - Corte histológico da região do Íleo do Intestino Delgado. As setas pretas indicam as vilosidades (camada mucosa em contato com a luz do órgão) e as setas vermelhas indicam a muscular da mucosa e as estrelas amarelas indicam os nódulos linfáticos que formam a placa de Peyer (ocupam parte mucosa e da submucosa).

Figura 49 - Corte histológico da região do Íleo do Intestino Delgado. As setas pretas indicam as vilosidades (camada mucosa em contato com a luz do órgão) e as setas vermelhas indicam a muscular da mucosa e as estrelas amarelas indicam os nódulos linfáticos que formam a placa de Peyer (ocupam parte mucosa e da submucosa).

Figura 50 - Corte histológico da região do Íleo do Intestino Delgado. As setas pretas indicam as vilosidades (camada mucosa em contato com a luz do órgão) e as setas vermelhas indicam a muscular da mucosa e as estrelas amarelas indicam os nódulos linfáticos que formam a placa de Peyer (ocupam parte mucosa e da submucosa).

Figura 51 - Corte histológico da região do Íleo do Intestino Delgado. É possível observar nessa imagem a região mais profunda da camada mucosa, onde estão evidenciadas as glândulas intestinais contendo células caliciformes (setas pretas), a muscular da mucosa (setas vermelhas). Os nódulos linfáticos que formam a placa de Peyer estão evidenciados pelas estrelas amarelas.


Intestino Grosso

O Intestino Grosso inicia após a última região do Intestino Delgado, o Íleo. É dividido nas seguintes regiões: Ceco e Apêndice, Cólon (ascendente, transverso, descendente e sigmoide), Reto e Ânus.

A estrutura do Intestino Grosso é praticamente a mesma estudada no Intestino Delgado, com exceção do Cólon (ocorrência de características exclusivas) e pela ausência de Vilosidades. É constituído pelas mesmas quatro (4) camadas que compõem os demais órgãos do tubo digestório: Mucosa, Submucosa, Muscular e Serosa.

O TER é Simples Cilíndrico com microvilosidades e células caliciformes (em todas as regiões).

O conjuntivo da mucosa sustenta as glândulas intestinais em todas as regiões do Intestino Delgado e não há glândulas na camada submucosa (Figs. 52 e 53).

Funções:

  • Absorção de água
  • Compactação das fezes

Figura 52 - Corte histológico do Intestino Grosso. Essa imagem permite observar a camada mucosa (indicada em amarelo). A seta preta indica o contato do Epitélio de revestimento com a luz do órgão evidenciando a ausência de vilosidades (as quais são exclusivas do intestino delgado). As estrelas vermelhas indicam a muscular da mucosa, estrutura que separa o tecido conjuntivo da camada mucosa do tecido conjuntivo da camada submucosa. Ainda é possível observar as camadas submucosa e muscular.

Figura 53 - Corte histológico do Intestino Grosso. A seta preta indica o Tecido Epitelial de Revestimento Simples Cilíndrico com células caliciformes em contato com a luz do órgão. As setas vermelhas indicam as células caliciformes e as estrelas vermelhas indicam a muscular da mucosa.

REGIÕES DO INTESTINO GROSSO

Ceco

  • Apresenta as quatro (4) camadas (mucosa, submucosa, muscular e serosa),
  • O TER é Simples Cilíndrico com microvilosidades e Células Caliciformes
  • Ausência de vilosidades.

Apêndice

  • Apresenta grande quantidade de nódulos linfáticos no tecido conjuntivo das camadas mucosa e submucosa. Os nódulos são semelhantes aos do Íleo. Mesmo apresentando tal semelhança, observar sempre se há vilosidades. Lembre-se que elas são encontradas exclusivamente no Intestino Delgado.

Cólon

  • Estrutura semelhante ao Ceco.
  • Se organiza anatomicamente em quatro (4) porções (ascendente, transverso, descendente e sigmoide), entretanto, todas as porções apresentam a mesma estrutura histológica.
  • A região do Cólon apresenta duas características exclusivas:
    • Tênias do Colón – fusão de células musculares lisas da camada longitudinal externa (promove as saculações que podem ser observadas macroscopicamente).
    • Apêndices Omentais – se caracterizam por acúmulo de gordura revestida por serosa. Estão localizadas em contato com a membrana serosa.

Reto

  • O reto apresenta a estrutura semelhante a do Cólon, entretanto as criptas ou glândulas intestinais são mais profundas.

Ânus

  • Porção final do Tubo Digestivo
  • O epitélio é Estratificado
  • A musculatura é de Contração Voluntária (Musculo Estriado)

Dois Plexos Nervosos entéricos apresentam relação com as funções do tubo digestivo:

  • Plexo Submucoso (MEISSNER) - responsável pelo controle de secreções, localizado na camada submucosa;
  • Plexo Mioentérico (AUERBACH) - associado ao peristaltismo, localizado na camada muscular entre as camadas circular e longitudinal.

5. Glândulas anexas do tubo digestório

  • Glândulas Salivares (descritas no subtópico – “cavidade oral”)
  • Fígado
  • Vesícula Biliar
  • Pâncreas (porção exócrina)

Fígado

Funções:
  • Destruição das hemácias;
  • Digestão de gorduras, através da secreção da bile;
  • Armazenamento e liberação de glicose;
  • Síntese de proteínas do plasma;
  • Conversão de amônia em uréia;
  • Produção de precursores das plaquetas;
  • Metabolização de drogas e toxinas.

Características do Fígado

  • Localiza-se no canto superior direito do abdome, sob o diafragma;
  • É a maior glândula do corpo humano;
  • Possui coloração vermelha escura, tendendo ao marrom;
  • Recebe sangue de dois vasos:
    • Veia porta: transporta sangue do trato digestório, do baço e do pâncreas (70% a 80%);
    • Artéria hepática: transporta sangue oxigenado;
  • Funciona como glândula exócrina e endócrina;
  • É revestido por cápsula de Tecido Conjuntivo. No entanto, grande parte da superfície externa é revestida pelo peritônio;
  • É formado por três superfícies: superior ou diafragmática, inferior ou visceral e posterior;
  • Possui quatro (4) lobos: direito (maior), esquerdo, caudado e quadrado;
  • O órgão é constituído por aproximadamente cem mil lóbulos hepáticos.

Estrutura dos lóbulos hepáticos (Figs. 54 e 55)

  • Em humanos é difícil delimitar os lóbulos;
  • Os lóbulos hepáticos são agregados de hepatócitos;
  • Os hepatócitos encontram-se organizados em cordões, os quais estão dispostos radialmente em volta da veia centrolobular;
  • Sinusóides são vasos revestidos por camada descontínua de endotélio fenestrado, localizados entre os cordões de hepatócitos;
  • Nos sinusóides ocorrem macrófagos (células de Kupffer) – representam 15% do total de células do fígado;
  • Sinusóides são revestidos por células endoteliais. Entre as células endoteliais dos sinusóides e os hepatócitos, há um espaço subendotelial chamado ESPAÇO DE DISSE, onde se localizam as Células de Ito;
  • Células de Ito: armazenamento de Vit. A, faz síntese e secreção de componentes da matriz extracelular, secreção de fatores de crescimento e citocinas, regulação do diâmetro da luz do sinusóide;
  • Em algumas regiões da periferia dos lóbulos (nos cantos) existe tecido conjuntivo com ductos biliares, vasos linfáticos e sanguíneos e nervos – ESPAÇOS PORTA (de 3 a 6 por lóbulo) (Figs. 56, 57, 58 e 59);
  • Cada ESPAÇO PORTA contém:
  • Ramo da veia porta;
  • Ramo da artéria hepática;
  • Ducto biliar;
  • Vaso linfático.
Hepatócitos
  • Tipo celular muito versátil;
  • Citoplasma eosinófilo – abundância de mitocôndrias;
  • RER e REL abundantes (95% das proteínas sintetizadas no fígado são produzidas pelos hepatócitos);
  • São células poliédricas (vários lados), contendo 1 ou 2 núcleos;
  • A superfície de um hepatócito mantém contato com a parede do sinusóide (Espaço de Disse) e com a superfície de outro hepatócito (delimitando o canal biliar, onde se localizam as microvilosidades dos hepatócitos);
  • As junções comunicantes (GAP) são importantes na comunicação intercelular, coordenando as atividades fisiológicas destas células;
  • Armazena açúcar na forma de glicogênio e lipídeos na forma de triglicerídeos;
  • Converte aminoácidos em glicose – Gliconeogênese;
  • Produção de uréia que será transportada para os rins, para posterior eliminação.

Circulação do sangue

Os grandes vasos sanguíneos que irrigam o fígado são a Veia Porta (70 a 80% do sangue) e a Artéria Hepática, localizados na região do hilo. Estes vasos sanguíneos perdem o calibre enquanto se interiorizam para vascularizar todo o órgão.

Ramos da Veia Porta e da Artéria Hepática alcançam a região do Espaço Porta (na periferia dos lóbulos hepáticos) e a partir daí o sangue é direcionado para os sinusóides. Nos sinusóides o sangue venoso e arterial se misturam.

O sangue que circula nos lóbulos hepáticos (sinusóides) deixa os lóbulos pela Veia Centrolobular que desembocam nas Veias Sublobulares (penetram nas trabéculas do estroma hepático) as quais se unem para formar as Veias Hepáticas e posteriormente flui para a Veia Cava Inferior, retornando ao coração.

Circulação da bile

A bile é secretada pelos hepatócitos. A superfície de um hepatócito mantém contato com a parede do sinusóide (Espaço de Disse) e com a superfície de outro hepatócito (delimitando o canalículo biliar, onde se localizam as microvilosidades dos hepatócitos).

Os canalículos biliares recebem a bile secretada pelos hepatócitos adjacentes e a direcionam para o canal biliar (recolhe a bile do cordão hepático). Os vários canais biliares, localizados nos lóbulos hepáticos, recolhem a bile produzida e desembocam nos ductos biliares, localizados no Espaço Porta.

Devido à vascularização e ao arranjo de ductos do fígado, a BILE flui do centro para a periferia do órgão, enquanto o SANGUE flui da periferia para o centro.

Vesícula Biliar

A vesícula biliar é um órgão oco e aderido à superfície inferior do fígado. As funções desempenhadas pela vesícula biliar são: armazenar, concentrar e secretar a bile produzida no fígado.

A bile será secretada no duodeno para atuar no final do processo de digestão.

Estrutura

A parede da vesícula biliar é constituída de três (3) camadas: mucosa, muscular e serosa ou adventícia.

A camada mucosa é constituída por tecido epitelial de revestimento simples cilíndrico (com poucas microvilosidades) + tecido conjuntivo.

O tecido epitelial de revestimento é o responsável pela função de concentrar a bile. As células epiteliais realizam transporte ativo de íons, absorvem Na++ que são íons osmoticamente ativos, assim, junto com o Na++ a água é transportada para a vascularização do tecido conjuntivo e a bile se torna concentrada.

A camada muscular é constituída por células musculares lisas, sendo responsável pela função de secreção da bile. A contração da camada muscular é estimulada pela colecistoquinina, a qual é produzida pelas células enteroendócrinas do duodeno.

As camadas adventícia e serosa ocorrem em regiões distintas da Vesícula Biliar. Na região onde o órgão está conectado ao fígado ocorre a membrana adventícia (constituída somente por tecido conjuntivo). Na região da vesícula biliar que fica livre na cavidade ocorre a membrana serosa (constituída por tecido conjuntivo associado ao mesotélio - TER Simples Pavimentoso).

Pâncreas

O pâncreas é uma glândula mista, ou seja, com porção exócrina e endócrina. Assim, o órgão faz parte do sistema digestório (porção exócrina) e do sistema endócrino (porção endócrina). O referido órgão é revestido por uma cápsula de tecido conjuntivo e dividido em lóbulos (Figs. 65 e 66).

A porção exócrina, constituída por porção secretora e ductos excretores, é responsável pela produção de bicarbonato, água, íons e diversas enzimas da digestão (amilase, lipases, proteinases). A porção secretora contém células serosas (realizam síntese proteica).

Os ductos intercalares se localizam mais próximos da porção secretora e, exclusivamente no pâncreas, estes ductos penetram na luz da porção secretora. As células dos ductos intercalares que se localizam dentro da porção secretora são denominadas de células centroacinosas (Fig. 67). Os ductos intercalares conduzem o produto de secreção para o ducto excretor. Não existem ductos estriados no pâncreas.

Células Enteroendócrinas do Duodeno secretam:

  • SECRETINA: estimula as células centroacinosas a secretarem bicarbonato (lançado no duodeno).
  • COLECISTOQUININA: estimula a secreção água, íons, enzimas (amilases, lipases, proteases) que serão lançadas no duodeno para finalizar a digestão.

A porção endócrina, denominada de Ilhotas Pancreáticas ou Ilhotas de Langerhans, corresponde a um volume reduzido (1,5 a 2%) em relação ao volume total do pâncreas. Através da técnica de imunocitoquímica são distinguíveis seis (6) tipos celulares nas Ilhotas pancreáticas, sendo mais conhecidas as funções das quatro primeiras:

  • Células A: responsáveis pela secreção de Glucagon – hormônio responsável por elevar a concentração de açúcar no sangue;
  • Células B: responsáveis pela secreção de Insulina – hormônio responsável por diminuir a concentração de açúcar no sangue;
  • Células D: responsáveis pela secreção de Somatostatina – hormônio responsável por regular a ação das células A e B. A redução ou o excesso de somatostatina provoca transtornos no metabolismo dos carboidratos. A produção de somatostatina não exclusiva do pâncreas endócrino, podendo ser produzida no estômago, intestino e hipotálamo e desempenhar outras funções além daquela descrita acima;
  • Células F: responsáveis pela secreção de Polipeptídeo Pancreático – hormônio responsável por atuar sobre a porção exócrina do pâncreas reduzindo a secreção;
  • Células G: responsáveis pela secreção de Gastrina – hormônio responsável por estimular a secreção ácida no estômago;
  • Células E: responsáveis pela secreção de Grelina – hormônio responsável pela sensação de fome.

As células que formam a porção endócrina do pâncreas se encontram dispostas em cordões celulares, sendo a porção endócrina classificada como Glândula Endócrina Cordonal.

NÃO ESQUECER...

Camada Mucosa: Tecido Epitelial + Tecido Conjuntivo que reveste uma luz que faz contato com o ambiente (meio externo).
Camada Serosa: Tecido Conjuntivo + Tecido Epitelial de Revestimento Simples Pavimentoso (mesotélio) que reveste superfície de órgãos que estão voltadas para as cavidades do corpo.
Camada Adventícia: Tecido Conjuntivo que une órgãos e estruturas. Ausência de Tecido Epitelial.
Estroma: tecido conjuntivo de preenchimento e sustentação do órgão.
Parênquima: tecidos e estruturas que correspondem a porção funcional do órgão.

Como citar?

Fávaro LF, Silva LF, Tanamati LW, Schramm MVP, Moretti R. Histologia de Órgãos e Sistemas – Texto e Atlas. Sistema Digestório. Acessado em (data). Disponível em https://histologiatextoeatlasufpr.com.br/index.php/sistema-digestorio/

Bibliografia Utilizada

1- JUNQUEIRA LC., CARNEIRO J. Histologia Básica 13ª Edição. Editora Guanabara Koogan, 2017.

2- KIERSZENBAUM AL., TRES LL. Histologia e Biologia Celular: Uma Introdução a Patologia. 4ª Edição. Editora GEN Guanabara Koogan, 2016.

3- KIERSZENBAUM AL., TRES LL. Histologia e Biologia Celular: Uma Introdução a Patologia. 5ª Edição. Editora GEN Guanabara Koogan, 2021.

4- PAWLINA W., ROSS MH. Histologia Texto e Atlas - Correlações com Biologia Celular e Molecular. 7ª Edição. Editora GEN Guanabara Koogan, 2016.

5- STEVENS A., LOWE JS. Histologia humana. 4ª edição. Editora GEN Guanabara Koogan, 2016.